RECADO ATERRADOR SOBRE A TUA LIBERDADE

“ ... Digamos que tudo aquilo que sabes não seja apenas errado, mas uma mentira cuidadosamente engendrada. Digamos que tua mente esteja entupida de falsidades: sobre ti mesmo, sobre a história, sobre o mundo a tua volta, plantadas nela por forças poderosas visando a conquistar, pacificamente, tua complacência. A liberdade, nessas circunstâncias, não passa de uma ilusão, pois és, na verdade, apenas um peão num grande enredo e o teu papel o de um crédulo indiferente. Isso, se tiveres sorte. Se, em qualquer tempo, convier aos interesses de terceiros o teu papel vai mudar: tua vida será destruída, serás levado à fome e à miséria. Pode ser, até, que tenhas de morrer. Quanto a isso, nada poderá ser feito. Ah! Se acontecer de conseguires descobrir um fiapo da verdade até poderás tentar alertar as pessoas; demolir, pela exposição, as bases dos que tramam nos bastidores. Mas, mesmo nesse caso, também não terás muito mais a fazer. Eles são poderosos demais, invulneráveis demais, invisíveis demais, espertos demais. Da mesma forma que aconteceu com outros, antes de ti, também vais perder!" Charles P. Freund, Editorialista do “The Washington Post”. T.A.

sábado, 29 de janeiro de 2011

VAZAMENTO NO WIKILEAKS MOSTRA QUE GENERAL BRASILEIRO PODE TER SIDO ASSASSINADO NO HAITI

Enviada por: Gen Andrade Nery [mailto:andradenery@uol.com.br]

em: sábado, 29 de janeiro de 2011 17:41

REPASSANDO CONFORME RECEBIDO
Relato levanta suspeitas sobre morte de general no Haiti Cristiano Romero
De Brasília

27/01/2011
O presidente da República Dominicana, Leonel Fernandez, levantou a hipótese, durante encontro com autoridades americanas, de o general Urano Teixeira da Matta Bacellar, que comandou as forças de paz das Nações Unidas no Haiti, ter sido assassinado. Fernandez disse não acreditar que o militar brasileiro tenha se matado, conforme concluíram investigação do Exército e laudo feito pelo Instituto Médico Legal (IML) de Brasília.
Bacellar foi encontrado morto na manhã do dia 7 de janeiro de 2006, num quarto do hotel Montana, em Porto Príncipe, capital do Haiti. Apenas quatro dias depois, o IML informou, depois de proceder a uma avaliação preliminar do ferimento encontrado no general, que ele se suicidou.
As afirmações do presidente dominicano constam de telegrama enviado a Washington pela embaixada dos Estados Unidos em Santo Domingo e vazado agora pelo site WikiLeaks. Segundo o documento, obtido pelo Valor, no encontro com o subsecretário assistente de Estado, Patrick Duddy, Fernandez disse que, por razões políticas, o governo Lula tinha interesse em caracterizar a morte do general como um suicídio.
"(...) Ele [Leonel Fernandez] acredita que o governo brasileiro está chamando a morte de suicídio para proteger a missão de críticas internas. Um assassinato confirmado resultaria em clamores da população brasileira pela retirada [das tropas] do Haiti", diz o telegrama. "O sucesso desta missão é vital para o presidente Lula porque é parte do seu plano para obter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU."
Fernandez disse que conheceu o general Bacellar pessoalmente e, por isso, o suicídio lhe pareceu "improvável", vindo de um profissional do seu "calibre". Ele revelou que um grupo vinha atuando no Haiti para criar o caos no país e que teria assassinado integrantes da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) - um canadense, um jordaniano e "agora o general brasileiro".
O presidente dominicano contou que um integrante brasileiro da Minustah chegou a matar um atirador haitiano, supostamente integrante desse grupo. Ele lembrou que, ao visitar Porto Príncipe em dezembro de 2005, sua delegação foi atacada por um grupo liderado pelo ativista haitiano Guy Philippe.
O subsecretário Patrick Duddy alegou que as evidências apontavam para o suicídio de Bacellar e que as circunstâncias dos outros assassinatos desmentiam uma conspiração. O presidente insistiu. "Fernandez elaborou um pouco mais a sua hipótese: houve um acobertamento de um assassinato e que mais ataques ocorreriam. Ele foi firme nesta visão e repetiu o aviso", relata o telegrama.
Em outro documento, o então assessor internacional do presidente Lula, Marco Aurélio Garcia, afirmou que mesmo que apenas um brasileiro morresse por violência no Haiti, e não por doença ou acidente, já causaria turbulência no país. Segundo Garcia, "não há escassez de críticos", no Brasil, à missão no país caribenho. A conversa, com diplomatas americanos, ocorreu no dia 8 de junho de 2005, antes, portanto, da morte do general Bacellar.
No mesmo telegrama, o então subsecretário para assuntos políticos do Itamaraty, Antônio Patriota, disse que o retorno de Jean Bertrand Aristide, presidente deposto em 2004, ao Haiti seria ruim para o processo de pacificação do país. Segundo o relato americano, Patriota afirmou que "o mero fato da existência de Aristide será sempre problemático em termos de sua influência" na sociedade haitiana.
Neste momento, Aristide, que vive exilado na África do Sul, tenta voltar ao Haiti, como já conseguiu o ex-ditador Jean Claude Duvalier, o Baby Doc. Patriota contou que obteve do governo sul-africano o compromisso de não permitir que Aristide usasse o exílio para fazer política.
O mesmo telegrama mostra a pressão dos EUA para que as forças de paz lideradas pelo Brasil agissem com maior vigor no combate à violência nas favelas de Porto Príncipe. As autoridades brasileiras reconheceram a crescente da violência, mas não deram ao problema o mesmo grau de urgência.

domingo, 16 de janeiro de 2011

A VERDADE, ÀS VEZES, PODE SE ATRASAR, MAS SEMPRE COMPARECE...

Enviada POR: Andrade Nery [mailto:andradenery@uol.com.br]
domingo, 16 de janeiro de 2011 05:06

O ASSASSINATO DE ELZA FERNANDES
Desde menina, Elvira Cupelo Colônio acostumara-se a ver, em sua casa, os numerosos amigos de seu irmão, Luiz Cupelo Colônio. Nas reuniões de comunistas, fascinava-se com os discursos e com a linguagem complexa daqueles que se diziam ser a salvação do Brasil. Em especial, admirava aquele que parecia ser o chefe e que, de vez em quando, lançava-lhe olhares gulosos, devorando o seu corpo adolescente. Era o próprio Secretário-Geral do Partido Comunista do Brasil (PCB), Antonio Maciel Bonfim, o "Miranda".
Em 1934, então com 16 anos, Elvira Cupelo tornou-se a amante de "Miranda" e passou a ser conhecida, no Partido, como "Elza Fernandes" ou, simplesmente, como a "garota". Para Luiz Cupelo, ter sua irmã como amante do secretário-geral era uma honra. Quando ela saiu de casa e foi morar com o amante, Cupelo viu que a chance de subir no Partido havia aumentado.
Entretanto, o fracasso da Intentona, com as prisões e os documentos apreendidos, fez com que os comunistas ficassem acuados e isolados em seus próprios aparelhos.
Nos primeiros dias de janeiro de 1936, "Miranda" e "Elza" foram presos em sua residência, na Avenida Paulo de Frontin, 606, Apto 11, no Rio de Janeiro. Mantidos separados e incomunicáveis, a polícia logo concluiu que a "garota" pouco ou nada poderia acrescentar aos depoimentos de "Miranda" e ao volumoso arquivo apreendido no apartamento do casal. Acrescendo os fatos de ser menor de idade e não poder ser processada, "Elza" foi liberada. Ao sair, conversou com seu amante que lhe disse para ficar na casa de seu amigo, Francisco Furtado Meireles, em Pedra de Guaratiba, aprazível e isolada praia da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Recebeu, também, da polícia, autorização para visitá-lo, o que fez por duas vezes.
Em 15 de janeiro, Honório de Freitas Guimarães, um dos dirigentes do PCB, ao telefonar para "Miranda" surpreendeu-se ao ouvir, do outro lado do aparelho, uma voz estranha. Só nesse momento, o Partido tomava ciência de que "Miranda" havia sido preso. Alguns dias depois, a prisão de outros dirigentes aumentou o pânico. Segundo o PCB, havia um traidor. E o maior suspeito era "Miranda".
As investigações do "Tribunal Vermelho" começaram. Honório descobriu que "Elza" estava hospedada na casa do Meireles, em Pedra de Guaratiba. Soube, também, que ela estava de posse de um bilhete, assinado por "Miranda", no qual ele pedia aos amigos que auxiliassem a "garota". Na visão estreita do PCB, o bilhete era forjado pela polícia, com quem "Elza" estaria colaborando. As suspeitas transferiram-se de "Miranda" para a "garota".
Reuniu-se o "Tribunal Vermelho", composto por Honório de Freitas Guimarães, Lauro Reginaldo da Rocha, Adelino Deycola dos Santos e José Lage Morales. Luiz Carlos Prestes, escondido em sua casa da Rua Honório, no Méier, já havia decidido pela eliminação sumária da acusada. O "Tribunal" seguiu o parecer do chefe e a "garota" foi condenada à morte. Entretanto, não houve a desejada unanimidade: Morales, com dúvidas, opôs-se à condenação, fazendo com que os demais dirigentes vacilassem em fazer cumprir a sentença. Honório, em 18 de fevereiro, escreveu a Prestes, relatando que o delator poderia ser, na verdade, o "Miranda".
A reação do "Cavaleiro da Esperança" foi imediata. No dia seguinte, escreveu uma carta aos membros do "Tribunal", tachando-os de medrosos e exigindo o cumprimento da sentença. Os trechos dessa carta de Prestes, a seguir transcritos, constituem-se num exemplo candente da frieza e da cínica determinação com que os comunistas jogam com a vida humana:
"Fui dolorosamente surpreendido pela falta de resolução e vacilação de vocês. Assim não se pode dirigir o Partido do Proletariado, da classe revolucionária." ... "Por que modificar a decisão a respeito da "garota"? Que tem a ver uma coisa com a outra? Há ou não há traição por parte dela? É ou não é ela perigosíssima ao Partido...?" ... "Com plena consciência de minha responsabilidade, desde os primeiros instantes tenho dado a vocês minha opinião quanto ao que fazer com ela. Em minha carta de 16, sou categórico e nada mais tenho a acrescentar..." ... "Uma tal linguagem não é digna dos chefes do nosso Partido, porque é a linguagem dos medrosos, incapazes de uma decisão, temerosos ante a responsabilidade. Ou bem que vocês concordam com as medidas extremas e neste caso já as deviam ter resolutamente posto em prática, ou então discordam mas não defendem como devem tal opinião."
Ante tal intimação e reprimenda, acabaram-se as dúvidas. Lauro Reginaldo da Rocha, um dos "tribunos vermelhos", respondeu a Prestes:
"Agora, não tenha cuidado que a coisa será feita direitinho, pois a questão do sentimentalismo não existe por aqui. Acima de tudo colocamos os interesses do P."
Decidida a execução, "Elza" foi levada, por Eduardo Ribeiro Xavier ("Abóbora"), para uma casa da Rua Mauá Bastos, Nº 48-A, na Estrada do Camboatá, onde já se encontravam Honório de Freitas Guimarães ("Milionário"), Adelino Deycola dos Santos ("Tampinha"), Francisco Natividade Lira ("Cabeção") e Manoel Severino Cavalcanti ("Gaguinho").
Elza, que gostava dos serviços caseiros, foi fazer café. Ao retornar, Honório pediu-lhe que sentasse ao seu lado. Era o sinal convencionado. Os outros quatro comunistas adentraram à sala e Lira passou-lhe uma corda de 50 centímetros pelo pescoço, iniciando o estrangulamento. Os demais seguravam a "garota", que se debatia desesperadamente, tentando salvar-se. Poucos minutos depois, o corpo de "Elza", com os pés juntos à cabeça, quebrado para que ele pudesse ser enfiado num saco, foi enterrado nos fundos da casa. Eduardo Ribeiro Xavier, enojado com o que acabara de presenciar, retorcia-se com crise de vômitos.
Perpetrara-se o hediondo crime, em nome do Partido Comunista.
Poucos dias depois, em 5 de março, Prestes foi preso em seu esconderijo no Méier. Ironicamente, iria passar por angústias semelhantes, quando sua mulher, Olga Benário, foi deportada para a Alemanha nazista.
Alguns anos mais tarde, em 1940, o irmão de "Elza", Luiz Cupelo Colônio, o mesmo que auxiliara "Miranda" na tentativa de assassinato do "Dino Padeiro", participou da exumação do cadáver. O bilhete que escreveu a "Miranda", o amante de sua irmã, retrata alguém que, na própria dor, percebeu a virulência comunista:
"Rio, 17-4-40"
Meu caro Bonfim
Acabo de assistir à exumação do cadáver de minha irmã Elvira. Reconheci ainda a sua dentadura e seus cabelos. Soube também da confissão que elementos de responsabilidade do PCB fizeram na polícia de que haviam assassinado minha irmã Elvira. Diante disso, renego meu passado revolucionário e encerro as minhas atividades comunistas.
Do teu sempre amigo, Luiz Cupelo Colônio".