RECADO ATERRADOR SOBRE A TUA LIBERDADE

“ ... Digamos que tudo aquilo que sabes não seja apenas errado, mas uma mentira cuidadosamente engendrada. Digamos que tua mente esteja entupida de falsidades: sobre ti mesmo, sobre a história, sobre o mundo a tua volta, plantadas nela por forças poderosas visando a conquistar, pacificamente, tua complacência. A liberdade, nessas circunstâncias, não passa de uma ilusão, pois és, na verdade, apenas um peão num grande enredo e o teu papel o de um crédulo indiferente. Isso, se tiveres sorte. Se, em qualquer tempo, convier aos interesses de terceiros o teu papel vai mudar: tua vida será destruída, serás levado à fome e à miséria. Pode ser, até, que tenhas de morrer. Quanto a isso, nada poderá ser feito. Ah! Se acontecer de conseguires descobrir um fiapo da verdade até poderás tentar alertar as pessoas; demolir, pela exposição, as bases dos que tramam nos bastidores. Mas, mesmo nesse caso, também não terás muito mais a fazer. Eles são poderosos demais, invulneráveis demais, invisíveis demais, espertos demais. Da mesma forma que aconteceu com outros, antes de ti, também vais perder!" Charles P. Freund, Editorialista do “The Washington Post”. T.A.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

CENSURA ELETRÔNICA ESCANCARADA JÁ OPERA NA INTERNET!!!

Enviada por: Artur Teixeira [mailto:artur.teixeira1946@gmail.com]
em: domingo, 30 de outubro de 2011 18:56

Artur Teixeira, escritor português editado no Brasil pela KRANION, sofre censura eletrônica na Internet!

Amigos,
Vejam como o sistema é estúpido... Acabo de receber a mensagem abaixo após o envio do meu e-mail sobre a Líbia. Considera o meu texto de incidência racista. Ora, não é. Não é a primeira vez que o "Administrator" resolve enviar-me tal mensagem. 
Abraços.

Artur

-----Mensagem original-----
Enviada: domingo, 30 de Outubro de 2011 19:42
Assunto: [MailServer Notification][WFBS Security Server: 192.168.0.10, Messaging Security Agent: SRVMST01]Content Filtering Notification

This email has violated the RACIAL DISCRIMINATION.
and Quarantine entire message has been taken on 10/30/2011 20:42:02.
Message details:
Server:SRVMST01
Recipient:artur.teixeira1946@gmail.com;
Subject:

HIPOCRISIA POLÍTICA !!!
(TEXTO INTEGRAL DO ESCRITOR PORTUGUÊS ARTUR TEIXEIRA, EDITADO NO BRASIL PELA KRANION,  CENSURADO ELETRONICAMENTE NA INTERNET)

Amigos,

Já vi este filme… Saddam Hussein foi considerado amigo dos Norte-americanos enquanto aceitou o dólar como moeda de pagamento do petróleo do Iraque. Quando se virou para outros mercados e pretendeu vender o crude fora do controle da OPEP, aí a cobra fumou… Até àquele momento ninguém falava das atrocidades do ditador e da falta de Democracia no país. Depois foi o que se viu.

Ora, Muammar Al Quathafi foi amiguinho do Ocidente enquanto não exigiu o Euro como moeda de troca pelo petróleo líbio, um petróleo da melhor qualidade, isento de enxofre, que se pode extrair praticamente a balde…  cujas reservas são das maiores do Mundo. Pelo lado da Líbia, o pico do petróleo está por acontecer… Antes de decretar o seu assassinato, o Ocidente não enjeitou o apoio financeiro à candidatura de Sarkozy à presidência da França e os USA, a colaboração na sua guerra ao Terrorismo Islâmico, para onde mandou alguns membros da Al Qaeda para serem sujeitos à tortura dos esbirros líbios. Enquanto assim foi ninguém se lembrou do facto de que na Líbia não existia Democracia e os Direitos Humanos não eram respeitados, que uma horda de rebeldes manipulados reclama com armas… E tenho sérias dúvidas que alguma vez esta gente venha a estabelecer um regime de tolerância democrática.   

Em 2007, a embaixada Norte-americana em Tripoli apresentou um relatório, denunciado pelo Wikeleaks, onde referia as exigências que as autoridades líbias faziam para autorizar a extracção e refinação do crude no país, nomeadamente os encargos fiscais e sociais, que na opinião do “escriba” yankee oneravam, e de que maneira, a actividade das petrolíferas internacionais que operam na região, sobretudo comparando com outras paragens onde o “ouro negro” é desbaratado ao “preços da uva mijona”. Uma dessas exigências era, por exemplo, que por cada quadro estrangeiro, fosse empregue um nacional. Graças aliás a essa política, de protecção dos interesses da Líbia, é que permitiu a Kadafi proporcionar o melhor nível de vida do Magrebe. Política que parece não ter satisfeito a todos…

A dita “Primavera Árabe” não é tão primaveril como parece… Já foi denunciado que a agitação popular desencadeada teve a “mãozinha invisível do Ocidente”. Lembro-me de ter lido um artigo, aquando da I Guerra do Iraque, que os USA, através da CIA, tinham iniciado um programa de aliciamento ideológico junto de jovens islamitas, tendo em vista criar uma elite muçulmana pró-Ocidental. No terreno, agentes e comandos dos Serviços de Inteligência Ocidental acicataram a rebeldia de uma juventude que busca a ilusão da Modernidade das sociedades do Hemisfério Norte, dos dois lados do Atlântico. Quantos deles não serão agora os agitadores?  Sintomático disso foi ouvir um jovem alienado gritar numa manifestação em Tripoli que “antes a Liberdade, que água”… Ora uma coisa não tem nada a ver com a outra. Foi precisamente no abastecimento de água potável para todos que Kadafi também se notabilizou, investindo fortemente em obras de captação, transporte e distribuição do precioso líquido. A água no Magrebe é tão importante, e talvez mais, que o Petróleo, para as populações. Ao que parece isso não basta… Mas um perigo esconde-se por trás dessas revoluções aparentes… Os fundamentalistas islâmicos estão também lá e o que eles querem, não é nada parecido com a Liberdade e a Democracia. Aliás, as novas autoridades da Líbia já reclamaram a criação de um Estado de feição islâmica, obedecendo à Sharia, ou seja, Lei Islâmica com tudo o que isso significa de ameaça e risco para o Ocidente. Nesse sentido, tal a acontecer, podemos dizer que “o tiro saiu pela culatra”…

O homem que os rebeldes líbios, alguns quiçá agentes da inteligência ocidental, chacinaram, não era o tolo que se pintava. Tenho o seu livro “O Livro Verde”  e logo de entrada pode ler-se: “ Nos nossos dias, os regimes políticos, no seu todo, são o resultado da luta travada por essas “máquinas” (de Poder) para alcançar o Poder – quer essa luta seja pacífica, quer seja armada, como a luta de classes, de seitas, de tribos ou de partidos ou de indivíduos, ela salda-se sempre pelo sucesso de uma “máquina”, indivíduo, grupo, partido ou classe, e pela derrota do povo, logo, pela derrota da verdadeira Democracia.” Ora aí está! Nós ocidentais temos sempre a mania de julgar os outros segundo os nossos padrões. A Líbia é um amálgama de tribos, como de resto se verifica no mundo do Islão, espartilhadas por seitas com ódios tão profundos como o ódio que os talibãs nutrem contra o Ocidente. Aliás, decorre desse facto, a razão pela qual o Mundo Muçulmano não foi capaz até ao momento de se afirmar como um grande Estado Nação e dificilmente o será, sobretudo com a acção deletéria das potências Ocidentais, que desde o Século XIX, apostam no divisionismo muçulmano, como forma de se apropriarem dos seus recursos petrolíferos e não só. Nem mesmo estão interessadas que o Islão adopte a Democracia.  

Para os Norte-americanos porém não se põe apenas um problema de custo… Quem controlar o crude, controla o Mundo… Esta é uma premissa sine qua none. Actualmente existe uma rivalidade surda entre o Ocidente e o Oriente emergente, encabeçada pela China, que no entanto vai  pouco a pouco se mostrando à luz do dia. A República Popular da China tem uma carência fundamental de Petróleo para  fazer crescer a sua Economia. Até ao momento os chineses têm-se pautado por uma política de envolvimento pacífico com as regiões do Mundo alvo da sua estratégia económica. África é um dos seus alvos, onde tem investido grandes somas em infra-estruturas, nomeadamente vias de comunicação (ferrovias e rodovias), de que os países africanos são muito carentes, nomeadamente aqueles que atravessaram guerras civis, caso de Angola, onde praticamente tudo foi destruído. A China inclusive chega a doar edifícios inteiros para o funcionamento dos parlamentos e tribunais locais, o que parece uma contradição… Ora, o Ocidente, nomeadamente a sua Oligarquia,  vê-se ameaçado. A operação ocidental na Líbia visou tirar espaço de manobra aos chineses, mas não só. Pretende a Casa Branca instalar bases militares que permitam dar apoio geoestratégico ao seu envolvimento belicista na Região Centro Africana. O pretexto é estabilizar certas zonas mineiras em permanente conflito, como é o caso do Congo, onde operacionais Norte-americanos já actuam. No fundo é a mesma receita que enforma a DEA na Colômbia e outras regiões da América do Sul, nomeadamente a Amazónia, onde, a pretexto do tráfico da droga, os Norte-americanos vão instalando bases militares. A China aliás também por lá anda, mas pacificamente, até ver… 
As fotos abaixo são esclarecedoras. Só não vê quem não quer. 
Abraços.
 Artur 
TÃO AMIGOS QUE NÓS ERAMOS!...
POR AQUI SE VÊ A HIPOCRISIA POLÍTICA................Até quando ???????



quarta-feira, 5 de outubro de 2011

UNIÃO EUROPÉIA: COMO SE ROUBOU A SOBERANIA POPULAR E SE A TRANSFERIU AOS BANQUEIROS...

QUE É O BCE?
 - O BCE é o banco central dos Estados da UE que pertencem à zona euro, como é o caso de Portugal.

E DONDE VEIO O DINHEIRO DO BCE?
 - O dinheiro do BCE, ou seja o capital social, é dinheiro de nós todos
, cidadãos da UE, na proporção da riqueza de cada país. Assim, à Alemanha correspondeu 20% do total. Os 17 países da UE que aderiram ao euro entraram no conjunto com 70% do capital social e os restantes 10 dos 27 Estados da UE contribuiram com 30%.

E É MUITO, ESSE DINHEIRO?
 - O capital social era 5,8 mil milhões de euros, mas no fim do ano passado foi decidido fazer o 1º aumento de capital desde que há cerca de 12 anos o BCE foi criado, em três fases. No fim de 2010, no fim de 2011 e no fim de 2012 até elevar a 10,6 mil milhões o capital do banco.

 
ENTãO, SE O BCE É O BANCO DESTES ESTADOS PODE EMPRESTAR DINHEIRO A PORTUGAL, OU NÃO? COMO QUALQUER BANCO PODE EMPRESTAR DINHEIRO A UM OU OUTRO DOS SEUS ACCIONISTAS.

- Não, não pode.

POR QUÊ?!
- Porquê? Porque... porque, bem... são as regras.

ENTÃO, A QUEM PODE O BCE EMPRESTAR DINHEIRO?
- A outros bancos, a bancos alemães, bancos franceses ou portugueses.

 
AH PERCEBO, ENTÃO PORTUGAL, OU A ALEMANHA, QUANDO PRECISA DE DINHEIRO EMPRESTADO NÃO VAI AO BCE, VAI AOS OUTROS BANCOS QUE POR SUA VEZ VÃO AO BCE?
 - Pois.
 

MAS PARA QUÊ COMPLICAR? NãO ERA MELHOR PORTUGAL OU A GRÉCIA OU A ALEMANHA IREM DIRECTAMENTE AO BCE?

 - Bom... sim... quer dizer... em certo sentido... mas assim os banqueiros não ganhavam nada nesse negócio!

AGORA NÃO PERCEBI!!..
 - Sim, os bancos precisam de ganhar alguma coisinha. O BCE de Maio a Dezembro de 2010 emprestou cerca de 72 mil milhões de euros a países do euro, a chamada dívida soberana, através de um conjunto de bancos, a 1%, e esse conjunto de bancos emprestaram ao Estado português e a outros Estados a 6 ou 7%.

MAS ISSO ASSIM É UM "NEGÓCIO DA CHINA"! SÓ PARA IREM A BRUXELAS BUSCAR O DINHEIRO!
- Não têm sequer de se deslocar a Bruxelas. A sede do BCE é na Alemanha, em Frankfurt. Neste exemplo, ganharam com o empréstimo a Portugal uns 3 ou 4 mil milhões de euros.
ISSO É UM VERDADEIRO ROUBO... COM ESSE DINHEIRO ESCUSAVA-SE ATÉ DE CORTAR NAS PENSÕES, NO SUBSÍDIO DE DESEMPREGO OU DE NOS TIRAREM PARTE DO 13º MÊS.
 As pessoas têm de perceber que os bancos têm de ganhar bem, senão como é que podiam pagar os dividendos aos accionistas e aqueles ordenados aos administradores que são gente muito especializada.

MAS QUEM É QUE MANDA NO BCE E PERMITE UM ESCÂNDALO DESTES?
- Mandam os governos dos países da zona euro. A Alemanha em primeiro lugar que é o país mais rico, a França, Portugal e os outros países.

ENTÃO, OS GOVERNOS DÃO O NOSSO DINHEIRO AO BCE PARA ELES EMPRESTAREM AOS BANCOS A 1%, PARA DEPOIS ESTES EMPRESTAREM A 5 E A 7% AOS GOVERNOS QUE SÃO DONOS DO BCE?
- Bom, não é bem assim. Como a Alemanha é rica e pode pagar bem as dívidas,
os bancos levam só uns 3%. A nós ou à Grécia ou à Irlanda que estamos de corda na garganta e a quem é mais arriscado emprestar, é que levam juros a 6%, a 7 ou mais.
ENTÃO NÓS SOMOS OS DONOS DO DINHEIRO E NÃO PODEMOS PEDIR AO NOSSO PRÓPRIO BANCO!...
- Nós, qual nós?! O país, Portugal ou a Alemanha, não é só composto por gente vulgar como nós. Não se queira
comparar um borra-botas qualquer que ganha 400 ou 600 euros por mês ou um calaceiro que anda para aí desempregado, com um grande accionista que recebe 5 ou 10 milhões de dividendos por ano, ou com um administrador duma grande empresa ou de um banco que ganha, com os prémios a que tem direito, uns 50, 100, ou 200 mil euros por mês. Não se pode comparar.

MAS, E OS NOSSOS GOVERNOS ACEITAM UMA COISA DESSAS?
 - Os nossos Governos... Por um lado, são, na maior parte, amigos dos banqueiros ou estão à espera dos seus favores, de um empregozito razoável quando lhes faltarem os votos.

 
MAS ENTÃO ELES NÃO ESTÃO LÁ ELEITOS POR NÓS?
- Em certo sentido, sim, é claro, mas depois... quem tem a massa é quem manda. É o que se vê nesta actual crise mundial, a maior de há um século para cá.

Essa coisa a que chamam sistema financeiro transformou o mundo da finança num casino mundial, como os casinos nunca tinham visto nem
suspeitavam, e levou os EUA e a Europa à beira da ruína. É claro, essas pessoas importantes levaram o dinheiro para casa e deixaram a gente como nós, que tinha metido o dinheiro nos bancos e nos fundos, a ver navios. Os governos, então, nos EUA e na Europa, para evitar a ruína dos bancos tiveram de repor o dinheiro.

E ONDE O FORAM BUSCAR?
- Onde havia de ser!? Aos impostos, aos ordenados, às pensões. De onde havia de vir o dinheiro do Estado?...

MAS METERAM OS RESPONSÁVEIS NA CADEIA?
- Na cadeia? Que disparate! Então, se eles é que fizeram a coisa, engenharias financeiras sofisticadíssimas, só eles é que sabem aplicar
o remédio, só eles é que podem arrumar a casa. É claro que alguns mais comprometidos, como Raymond McDaniel, que era o presidente da Moody's,uma dessas agências de rating que classificaram a credibilidade de Portugal para pagar a dívida como lixo e atiraram com o país ao tapete, foram... passados à reforma. Como McDaniel é uma pessoa importante, levou uma indemnização de 10 milhões de dólares a que tinha direito.

E ENTÃO COMO É? COMEMOS E CALAMOS?
- Isso já não é comigo, eu só estou a explicar...

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

PORTUGAL TAMBÉM TEM PÉS PRESOS À ARMADILHA FINANCEIRA...

Enviada por: Artur Teixeira [mailto:artur.teixeira1946@gmail.com]
Em: domingo, 2 de outubro de 2011 09:13




Ponta Delgada, 02 de Outubro de 2011
A Armadilha…
Estamos como os homens da Caverna de Platão, que confundiam sombras fantasmagóricas com a realidade… Tais sombras, projectadas numa parede, eram manipuladas por quem os queria ignorantes a respeito da sua vil condição. Nascidos e criados ali, não conheciam outra coisa se não o ambiente confinado e lúgubre da gruta. Até que um dia, um deles, talvez cansado de ouvir e ver sempre a mesma coisa, se aventurou sair dali para descobrir o que se passava com aquela luz intensa que penetrava na caverna por uma fresta faiscando por pouco tempo e depois sumia… Saiu e logo descobriu um espaço aberto e arejado, com uma luminária radiosa, o Sol, que iluminava tudo e a todos… Regressou à caverna e relatou aos seus companheiros a verdade que descobrira. Não só não acreditaram nele, acusando-o de louco, como o ameaçaram de morte.
Assim estamos nós… no que se refere à inevitabilidade da acção deletéria dos mercados e dos seus agentes que todos os dias nos bombardeiam com notícias contraditórias e argumentos falaciosos, na tentativa de estabelecer a confusão e manter a ignorância sobre o que verdadeiramente está por trás dos sacrifícios que impiedosamente nos são exigidos. Julgam tais escribas e falastrões de serviço que o público é acéfalo e não é capaz senão de discutir coisas comezinhas, como o futebol, as telenovelas, e pouco mais…
Nesta crise, que é claramente instrumental, raramente temos observado economistas e políticos que desabridamente contestem os limites à Despesa Pública “acordados” nos bastidores da União Europeia. São aceites como dogmas e o debate faz-se em torno sobretudo da necessidade “imperiosa” de os cumprir, sob pena de perdermos a confiança dos mercados, sempre estes… Gostaríamos de saber em que critérios da Ciência Económica se fundamentam. Porquê foi escolhido um défice máximo 3% do PIB e uma taxa máxima de 60% do PIB para a Despesa Pública e porque não outros limites menos drásticos, sobretudo quando as Economias mais fortes da Zona Euro não os cumprem? Porquê? A França, por exemplo, tem um passivo de 81% do PIB, 21 pontos percentuais acima daquele limite, e a Alemanha, 80%, 20 pontos. E a “premier” alemã, Angela Merkel, tem a lata de sugerir que os países incumpridores que paguem com soberania… Alguém pode-nos explicar? Parece-nos pois pouco inteligente da parte dos nossos governantes a aceitação irrestrita de tais limites. Mais ainda, num período de recessão económica.
Os limites à Despesa Pública têm como referencial o PIB (Produto Interno Bruto), que, em termos simples, é o somatório da facturação anual de um País. Acontece que há uma parcela significativa da Economia, a chamada informal, que não entra nesse cálculo e não entra porque corresponde a trocas comerciais sem qualquer registo documental (Recibo ou Venda a Dinheiro), sobre as quais o IVA não é cobrado. A montante desse comércio subterrâneo o Estado continua a perder receitas em sede do IRC e do IRS. Esta Economia Clandestina representa actualmente cerca de 23% da Economia Global. Com as medidas de austeridade, que quase todos os dias são anunciadas, entre elas, o aumento do IVA, é provável que aquela percentagem tenda a aumentar. Acresce o facto que grande parte da população portuguesa fronteiriça, numa faixa de cerca de 70 km, prefere fazer as suas compras domésticas na Espanha, onde o IVA é mais baixo. Por outro lado, com a curva do Crescimento Económico a roçar valores negativos, devido sobretudo à Crise Financeira, que tem vindo a refrear o consumo e a produção, as Receitas Fiscais sofrem por essa via, também, uma forte redução. A Despesa Pública, pelo contrário, tende a subir. E sobe, por que os custos sociais, além das despesas fixas de Administração, aumentam. E quanto mais desempregados e pobres existirem, mais o Estado terá que desembolsar. Por seu turno, para atender a compromissos com terceiros, nomeadamente com fornecedores de bens e serviço, o Estado, à falta de receitas fiscais, tem que se socorrer do financiamento de terceiros. Neste momento, já se pede dinheiro emprestado para pagar juros vencidos. E fá-lo, porque não pode emitir moeda nem vender as reservas de ouro. Mais duas limitações, impostas por Bruxelas, que os nossos sábios governantes… deram cobertura. Acresce o pagamento de rendas das PPP, a cobertura dos défices das Empresas Públicas, os subsídios às Fundações, cujos custos, na maioria dos casos, resultam de contratos feitos à medida para gerar prebendas para o Clientelismo Partidário, os chamados boys e os empresários amiguinhos.
Somam-se à Dívida Pública, as dívidas das empresas e das famílias, a chamada “Divida Soberana”, jargão que é justificado pela existência do Euro, uma moeda alienígena. Como Portugal tem uma Balança Comercial de saldo negativo, desde logo por causa da importação de crude e de bens alimentares, de que depende em cerca de 80%, tem uma Balança Monetária, se assim se pode falar, também negativa, ou seja, sai mais dinheiro do que entra. Em resultado deste défice que provoca a escassez de dinheiro em circulação, o sistema bancário português tem que se financiar junto do BCE, banco emissor, para atender às necessidades de crédito do Estado, das empresas e das famílias. Claro que este problema existe porque Portugal tem uma Economia endemicamente débil, que não gera suficientes recursos para o seu Desenvolvimento. E com a adesão à moeda única perdeu a sua autonomia financeira. Presta-se pois a tornar-se num Estado pária no seu da União Europeia, se já não o é. 
À parte o despesismo, é preciso que se diga que o “gato não vai às filhoses” por um Estado ter passivos. Se estes, por exemplo, servirem para alavancar a Economia, aplicar numa infra-estrutura útil, é com certeza um acto administrativo politicamente correcto. Qualquer empresa privada o faz, ou seja, prefere recorrer ao crédito para aquisição de um equipamento do que utilizar capitais próprios, se isso, claro, for mais vantajoso. Tudo depende dos montantes e dos juros a pagar. Os bancos, porque o seu negócio é emprestar dinheiro, só precisam de garantias…  
Ora um Estado não é uma empresa. É muito mais do que isso. Um país não tem apenas património material, petróleo, diamantes, etc, há todo um outro património, imaterial, de valor inestimável. E Portugal tem-no de facto. Desde logo tem Capital Humano, que devidamente valorizado e aplicado muito pode fazer. Infelizmente estamos a desperdiça-lo… uma vez que a Economia não gera suficiente oportunidades de investimento e de oferta de emprego. Segue-se o seu clima ameno, que tem abundância de dias de Sol, um dos melhores da Europa, propiciador de actividades lúdicas e de lazer, favoráveis ao Turismo. Por último, tem uma posição geoestratégica apreciável do ponto de vista comercial, por onde passam importantes rotas do comércio internacional. Por outro lado, Portugal, graças à sua costa continental e aos Arquipélagos dos Açores e da Madeira, detém uma das maiores superfícies de mar do mundo, correspondendo a cerca de 37 vezes o seu território. No fundo marítimo desta extensa ZEE (Zona Económica Exclusiva) existem reservas de Petróleo e de metais nobres. Falta a tecnologia para explorá-los. Portanto o país não é assim tão pobre como o pintam. Pobres são alguns dos nossos governantes que não têm um Projecto Nacional. Estão no poder não para servir o país, mas para se servirem dele e servir a sua clientela partidária. E o pior de tudo, permitiram que o Agiotismo Internacional pusesse o pé em Portugal.  
Cremos que os Agiotas Internacionais estão de “olho grande” nessa riqueza. “Ninguém mete estopa sem prego”… Por hora estão na fase de desdenhar para comprar e comprar barato… a começar pelos activos do Estado, que são de todos nós. E ao fazê-lo, estão obviamente a valorizar o seu Capital, como faz qualquer bom negociador.
Os limites espartanos à Despesa Pública têm como objectivo soberano proteger o Euro. O BCE, como banco emissor, segue uma política monetária muito rígida quanto à emissão de moeda. Ao fazê-lo, espera prevenir a inflação, porém prejudica, e de que maneira, os Estados Membros de economia mais débil, como é o caso de Portugal, que tem uma Balança Comercial endemicamente deficitária. Para a Alemanha e a França, pelo contrário, é uma vantagem. As matérias-primas para a sua indústria ficam mais baratas e podem, apesar de uma divisa forte, manter um fluxo comercial vantajoso dentro da Zona Euro, nomeadamente com Portugal. Iríamos bem se as economias dos estados membros fossem equivalentes, mas não são. Não eram à partida e no caso português permitiu-se destruir Capital Fixo, o que tornou a Economia Nacional ainda mais vulnerável. E isso se fez antes da adesão à moeda única. Hoje pode-se dizer que os Fundos da CEE, independentemente dos desvios e da corrupção, serviram precisamente para o país ficar na mão das Economias mais fortes da Europa e agora, na dos Agiotas Internacionais.
Não são apenas as Economias mais fortes da União Europeia que beneficiam com ema divisa forte. Todos os activos expressos nessa moeda, inclusive os que apenas existem electronicamente, se mantém valorizados, praticamente incólumes à Crise Financeira, quando o que seria aconselhável era a sua desvalorização, face ao fraquíssimo crescimento da Economia na Zona Euro. Tal, como é óbvio, serve bem os investidores financeiros especulativos, porém prejudica imenso as forças do Trabalho dos países com maior dependência de financiamento, inclusive para pagar juros e dívidas vencidas.
O Resgate Financeiro da Troika é apresentado como um grande favor que se faz a Portugal. Nada, mais falacioso… Trata-se na verdade do contrário. Trata-se de exigir aos portugueses uma contribuição compulsiva para ajudar à recomposição de activos perdidos pelo Capital Financeiro Internacional, devido à toxidade dos derivativos que este criou e especulou até à estratosfera e que levou à falência de algumas das suas maiores casas bancárias. Os ideológos ao serviço deste capital espúrio conseguem até convencer o povo simples que a culpa da Crise é sua e por isso deve aceitar sacrifícios crescentes. Voltou a política do come e cala… Vamos ver até quando…
Eis a armadilha em que nos deixámos cair…
Artur Rosa Teixeira
(artur.teixeira1946@gmail.com)