RECADO ATERRADOR SOBRE A TUA LIBERDADE

“ ... Digamos que tudo aquilo que sabes não seja apenas errado, mas uma mentira cuidadosamente engendrada. Digamos que tua mente esteja entupida de falsidades: sobre ti mesmo, sobre a história, sobre o mundo a tua volta, plantadas nela por forças poderosas visando a conquistar, pacificamente, tua complacência. A liberdade, nessas circunstâncias, não passa de uma ilusão, pois és, na verdade, apenas um peão num grande enredo e o teu papel o de um crédulo indiferente. Isso, se tiveres sorte. Se, em qualquer tempo, convier aos interesses de terceiros o teu papel vai mudar: tua vida será destruída, serás levado à fome e à miséria. Pode ser, até, que tenhas de morrer. Quanto a isso, nada poderá ser feito. Ah! Se acontecer de conseguires descobrir um fiapo da verdade até poderás tentar alertar as pessoas; demolir, pela exposição, as bases dos que tramam nos bastidores. Mas, mesmo nesse caso, também não terás muito mais a fazer. Eles são poderosos demais, invulneráveis demais, invisíveis demais, espertos demais. Da mesma forma que aconteceu com outros, antes de ti, também vais perder!" Charles P. Freund, Editorialista do “The Washington Post”. T.A.

terça-feira, 17 de julho de 2012

BOSÃO DE HIGGS, PARTÍCULA DE DEUS?


Algumas barbearias nos Açores ainda são à moda antiga… Continuam a ser locais privilegiados para um bom “bate boca”. Nos nossos dias porém, a conversa não se fica pela coscuvilhice de aldeia. Vai mais longe… A notícia da “Partícula de Deus”, descoberta pelo mega laboratório do CERN (Conselho Europeu para a pesquisa nuclear), sujeita ainda a confirmação, anunciada com algum alarde pela “mídia”, tem convocado o interesse até do homem comum, embora nestes dias de Crise a sua atenção se volte mais para a falta de dinheiro no orçamento familiar. Tanto assim, que o tema teve que ser “dissecado” na última vez que fomos ao barbeiro. Um dos fregueses, homem de avançada idade, mas sem evidências de senilidade, camponês, diante de tanta controvérsia levantou a voz e declarou: “É mais fácil mudar o Oceano para outro lugar que a Ciência alguma vez possa descobrir o mistério da Criação”. Esta afirmação, aparentemente absurda, revela no entanto a inutilidade de uma investigação científica orientada para negar a existência de um Deus Criador.
Dá-se o caso que o autor da “teoria do bosão”, Peter Higgs, ateu confesso, não gosta que chamem à sua partícula de “Partícula de Deus”. Ele pelo menos é coerente… A formulação teórica da sua tese, que surgiu em 1964, tem por objetivo último demonstrar que na criação do Cosmos não houve qualquer intervenção de uma entidade exterior à matéria. Em consequência, uma designação que inclua Deus, além de contraditória, pode ser tomada como uma ofensa à Religião, como oportunamente ele manifestou.
Inicialmente a hipótese do cientista britânico, chamou-se de “Partícula Maldita”. Os círculos académicos assim a chamaram devido à impossibilidade de confirmar a sua existência em laboratório, atendendo aos meios técnicos da época. Quando em 1993, outro cientista, Leon Lederman, norte-americano, nobel da física, quis levar ao prelo um livro sobre o tema, o editor exigiu que o título fosse “Partícula de Deus”. Razões de marketing falaram mais alto. É que, uma obra científica polémica com “Deus” metido no meio, num mercado onde o debate entre Religião e Ciência está presente desde o Século XIX, tem com certeza sucesso de vendas garantido.
Uma parte da Ciência não está apenas preocupada em explicar o Universo, mas encontrar uma formulação teórica que demonstre definitivamente que na origem do Cosmos não houve qualquer intervenção independente e exterior à Criação. Tal objetivo é perseguido em alguns meios académicos com verdadeira obsessão preconceituosa contra a Religião em geral e o Cristianismo em particular. Chegam a ser ridículos alguns argumentos… Há tempos um professor de biologia da Universidade dos Açores, por exemplo, em entrevista à Antena I, justificou o seu Ateísmo no facto de nunca ter observado Deus ao visionar uma molécula no microscópio… Pena que não tivesse havido o contraditório… Também não vemos a eletricidade, o vento, e contudo, pelos seus efeitos, não podemos negar a sua existência. O problema é que se está a confundir Deus, “Causa Primeira”, no dizer de Hathaway, pai do cérebro eletrónico, com uma imagem antropológica de Deus. Enquanto esta tem perfeito cabimento no âmbito da Fé, atendendo ao atual estádio da evolução da Humanidade, não o tem quando se transporta para o mundo da Ciência. Com efeito, negar-se a sua existência como “princípio axiomático de todas as coisas” está-se a negar a “Causa Primeira”, sendo que em boa lógica ninguém pode negar o que não existe… Se não existe, para quê e como negar?
Quando se investiga a História da Ciência, sobretudo a partir da Renascença, ao contrário do que se pretende fazer crer, as grandes figuras se afirmam como homens de Fé. De Kepler a Einstein, passando por Newton, Ampere e Edison, a lista é extensa, todos afirmam crer em um Deus Criador. A Teoria da Evolução tantas vezes convocada para contraditar a visão bíblica criacionista do mundo, fez com que o seu autor, Charles Darwin, tivesse que declarar que “Jamais neguei a existência de Deus. Penso que a Teoria da Evolução é totalmente compatível com a Fé em Deus. O argumento máximo da existência de Deus parece-me residir na impossibilidade de demonstrar e compreender que o Universo imenso, sublime sobre toda a medida, e o homem tenham sido fruto do acaso”.
Considerar o Bosão de Higgs uma partícula de Deus, além de abusivo, não é mais que uma tentativa de reduzir o Divino ao domínio da investigação científica, como se se tratasse de matéria. “A Deus o que é de Deus, a César o que é de César”… que o mesmo é dizer: aos homens o que é dos homens.

Artur Rosa Teixeira