RECADO ATERRADOR SOBRE A TUA LIBERDADE

“ ... Digamos que tudo aquilo que sabes não seja apenas errado, mas uma mentira cuidadosamente engendrada. Digamos que tua mente esteja entupida de falsidades: sobre ti mesmo, sobre a história, sobre o mundo a tua volta, plantadas nela por forças poderosas visando a conquistar, pacificamente, tua complacência. A liberdade, nessas circunstâncias, não passa de uma ilusão, pois és, na verdade, apenas um peão num grande enredo e o teu papel o de um crédulo indiferente. Isso, se tiveres sorte. Se, em qualquer tempo, convier aos interesses de terceiros o teu papel vai mudar: tua vida será destruída, serás levado à fome e à miséria. Pode ser, até, que tenhas de morrer. Quanto a isso, nada poderá ser feito. Ah! Se acontecer de conseguires descobrir um fiapo da verdade até poderás tentar alertar as pessoas; demolir, pela exposição, as bases dos que tramam nos bastidores. Mas, mesmo nesse caso, também não terás muito mais a fazer. Eles são poderosos demais, invulneráveis demais, invisíveis demais, espertos demais. Da mesma forma que aconteceu com outros, antes de ti, também vais perder!" Charles P. Freund, Editorialista do “The Washington Post”. T.A.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

PORTUGAL NOS PÕE EM ALERTA CONTRA A FARSA DO MERCOSUL!

Ponta Delgada, 10 de Janeiro de 2010
UM CHOURIÇO POR UM PORCO…
Artur Rosa Teixeira

À sorrelfa de um discurso eivado de pura retórica, os europeístas portugueses, internacionalistas de vocação e militância, transferiram pedaços da nossa Soberania para os Centros de Poder da União Europeia, sem o consentimento explícito do contribuinte e do eleitor. Fizeram-no, iludindo o cidadão comum que, face a tantas promessas “vantajosas”, assistiu à depredação das bases da Economia Nacional impávido e sereno como “idiota feliz”, designação que pedimos de empréstimo ao ilustre jornalista açoriano, Jorge Nascimento Cabral. Pelo caminho foi-se afirmando com insistência a pecha de que Portugal não tinha outra alternativa… ou, perante os factos gravosos de perda significativa da nossa autonomia económica, alguns encolhem os ombros, conformados, e respondem que tal estava previsto desde a nossa adesão à Comunidade Económica Europeia, como contrapartida dos fundos que vieram a rodo para o país… Outros ainda justificam a entrega do “ouro ao bandido” por inércia do Capital Português, excessivamente conservador, e devido aos condicionalismos de uma mão-de-obra politicamente engajada nos seus direitos sociais. Evidentemente que nada disso pode justificar o que tais senhores fizeram.
Alguém lembrou lá atrás que haveríamos de pagar um dia com “língua de pau” os milhões que “generosamente” foram derretidos no asfalto, no betão, no desmantelamento das nossas estruturas económicas e desviados para os bolsos de uma Elite Politica, mais preocupada com o seu umbigo que com o bem comum do país. Mas a vozes dissonantes foram esparsas, ridicularizadas e quase sempre silenciadas, silenciadas pelo ruído ensurdecedor dos europeístas que apenas falavam das vantagens e quando alguém convidava ao bom senso tapavam as orelhas como menino traquinas que não quer ver os seus caprichos contrariados…
Os europeístas sabiam, sempre souberam o epílogo deste fado, como também sabem que nunca irão à barra do tribunal pela prática de actos lesivos dos interesses superiores de Portugal e que no fim, ainda podem passar por “bons portugueses”, como aliás passam… 
Esta pseudo democracia, herdeira do Liberalismo Político do Século XIX, permite todo o tipo de laxismo político, uma vez que o julgamento dos actos públicos se esgota a cada acto eleitoral, não havendo portanto condenação em juízo, quando os políticos por suas decisões cometem o crime de lesa-pátria. Tal significa impunidade absoluta... a mesma que os Republicanos criticavam existir na Monarquia. Daí ser possível a dilapidação dos recursos do país sem qualquer responsabilização pessoal ou de grupo, a não ser uma condenação moral, o que é evidentemente insuficiente, atendendo às consequências negativas de tais actos para o Futuro do País.
Acresce que a inimputabilidade dos actos políticos que despojaram Portugal da sua soberania e que tiveram com o Tratado de Lisboa a sua pedra de fecho, tratados e acordos subscritos sempre fora do alcance do cidadão comum, encerra a presunção de que se agiu em nome dos eleitores e que estes deram o aval para tal em eleições “livres”. Nada mais enganador. Como se pode falar de uma escolha livre e conscientemente feita se os programas dos partidos, a mais das vezes não passam de um rol de demagógicas promessas? Como se pode falar de “delegação de poderes”, se em muitos casos nem sequer houve um referendo, como se impunha, mesmo quando foi eleitoralmente prometido?
Depois ainda há o argumento cretino de se afirmar que a adesão de Portugal à CEE foi um grande favor que esta nos fez, uma vez que fora da “Europa” (como se não fossemos europeus…) não teríamos hipóteses de sobreviver como povo. Ledo engano!
O Tratado Lisboa, que entrou em vigor a 1 de Dezembro de 2009, consagra definitivamente a espoliação da nossa ZEE (Zona Económica Exclusiva). Estamos a falar de qualquer coisa como 1 727 408 km2, um dos maiores domínios marítimos da Europa, contribuindo os Açores com cerca de 30%. Se entretanto a pretensão portuguesa, com base na plataforma marítima, neste momento na ONU, for aceite, a ZEE portuguesa passa a 3 027 408 km2, passando a ocupar a 10ª. posição mundial, a seguir ao Brasil! Enfim uma bagatela… cuja gestão foi entregue de “mão beijada” aos nossos “credores” da União Europeia. Talvez por isso Durão Barroso e José Sócrates tenham se congratulado com um eufórico “Porreiro, pá!” no final da assinatura daquele tratado, em 2007.
Claro que para chegarmos aqui, os estrategas de Bruxelas, mancomunados com os europeístas domésticos, seguiram um plano faseado, “indolor” e discreto, como recomenda o manual do “politicamente correcto”… Começaram por “custear” o desmantelamento do sector das pescas, sob o pretexto de que o seu “Capital Fixo” estava obsoleto e os empresários e pescadores foram na conversa… Seguiu-se a imposição draconiana de normas sobre as artes de pescas, calado das embarcações e quotas de pescado, em nome da preservação da fauna marítima (um falso pretexto que a realidade desmente…), ao mesmo tempo que se autorizava a abertura do mercado doméstico aos países da União Europeia, de que a Espanha foi a maior beneficiária. Em consequência, temos vindo a assistir ao encolhimento da actividade piscatória nacional, com o consequente abrandamento da indústria de conservas, outrora uma das mais florescentes do país. O constrangimento foi tal que até a pesca artesanal foi afectada. Veja-se por exemplo o que se passou com a captura do cachalote na Ilha do Pico. Em nome da protecção da espécie, que nunca esteve em causa nos Açores, foi drasticamente proibida. Depois seguiu-se a tomada paulatina da nossa ZEE, começando por liberalizar, desde o início do presente Século, a faixa marítima exterior de 100 milhas das 200 que nos pertencem, às frotas europeias, melhor preparadas para a pesca em alto mar.
O Tratado de Lisboa fecha o arco da tomada da nossa ZEE. De agora em diante a Gestão dos recursos piscatórios desse enorme e riquíssimo domínio marítimo, que ninguém efectivamente sabe quanto vale, está nas mãos dos tecnocratas de Bruxelas, ao serviço dos grandes interesses, onde a partir de agora as frotas pesqueiras da União Europeia podem operar sem qualquer contrapartida directa para Portugal. Ora toma, que é democrático! Quer dizer, em teoria a ZEE continuará nossa, porém quem manda nela é a União Europeia e nós vemos o pescado por um canudo… E se amanhã lá se encontrar algo de interesse económico, como petróleo e gás, não tenhamos dúvidas que também hão-de de deitar-lhe as mãos. Até já advínhamos o próximo pretexto…
Artur Rosa Teixeira
(artur.teixeira1946@gmail.com)

      

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