RECADO ATERRADOR SOBRE A TUA LIBERDADE

“ ... Digamos que tudo aquilo que sabes não seja apenas errado, mas uma mentira cuidadosamente engendrada. Digamos que tua mente esteja entupida de falsidades: sobre ti mesmo, sobre a história, sobre o mundo a tua volta, plantadas nela por forças poderosas visando a conquistar, pacificamente, tua complacência. A liberdade, nessas circunstâncias, não passa de uma ilusão, pois és, na verdade, apenas um peão num grande enredo e o teu papel o de um crédulo indiferente. Isso, se tiveres sorte. Se, em qualquer tempo, convier aos interesses de terceiros o teu papel vai mudar: tua vida será destruída, serás levado à fome e à miséria. Pode ser, até, que tenhas de morrer. Quanto a isso, nada poderá ser feito. Ah! Se acontecer de conseguires descobrir um fiapo da verdade até poderás tentar alertar as pessoas; demolir, pela exposição, as bases dos que tramam nos bastidores. Mas, mesmo nesse caso, também não terás muito mais a fazer. Eles são poderosos demais, invulneráveis demais, invisíveis demais, espertos demais. Da mesma forma que aconteceu com outros, antes de ti, também vais perder!" Charles P. Freund, Editorialista do “The Washington Post”. T.A.

domingo, 8 de novembro de 2009

IRMÃOS DA COMUNIDADE LUSO-BRASILEIRA SOFREM COM A PADRONIZAÇÃO DAS REGRAS GRAMATICAIS E DAS ESTRATÉGIAS ECONÔMICAS, IMPOSTAS PELA GLOBALIZAÇÃO!

De: Artur Teixeira [mailto:artur.teixeira1946@gmail.com]
Enviada em: sexta-feira, 6 de novembro de 2009 17:17

Ponta Delgada, 2 de Novembro de 2009
Economia Portuguesa, que futuro?
O título acima bem poderia ser o do livro que acabámos de ler, “Portugal que Futuro?”, de Medina Carreiro e de Eduardo Dâmaso, cuja leitura, muito esclarecedora, deixa-nos bastante apreensivos quanto ao rumo da nossa Economia e do nosso País.
Para o advogado e ex-ministro das Finanças, Medina Carreiro, a Economia portuguesa está doente e precisa urgentemente de um tratamento intensivo e extensivo. Conforme se lê na capa final do livro “a Economia portuguesa é o primeiro, o mais grave e o mais difícil de todos os nossos problemas actuais”, o qual, a não ser resolvido, até a nossa Democracia “poderá soçobrar”.
Dirão alguns que Medina Carreiro é um pessimista incorrigível, um “profeta da desgraça”, sem solução alguma para oferecer, que mais não faz que anunciar o “fim dos tempos”. Para nós, não. Ele não faz apenas um diagnóstico objectivo, fundamentado nos números, apresenta também soluções, como exerce um direito que assiste a qualquer cidadão preocupado com o Futuro do seu País. Evidentemente que muita gente do Mundo da Política deve ficar incomodada com as suas palavras, que não poupam nem a Direita, nem a Esquerda. Talvez por isso, ele é de certo modo um proscrito do “establishment” que o olha com certa desconfiança e desdém.
Os números que ele apresenta são claros. Para manter a sustentabilidade do actual nível do Estado Social, ou seja, as Pensões de Reforma, o Rendimento Mínimo Social, o Subsídio de Desemprego, etc, etc., a Economia Portuguesa tem de crescer mais de 3% ao ano. Nos últimos anos o crescimento médio foi de 0,8% apenas e tudo indica que assim continuará. Significa que, se não houver uma espécie de “golpe de asa”, o Estado estará falido a médio prazo, não havendo santo que lhe valha… nem mesmo o “chapéu protector” da União Européia. Se calhar, esta até já está à espera do naufrágio para de vez transformar o Portugal numa província de Bruxelas, integrada no condomínio da Espanha…
Medina Carreiro aponta o incremento das exportações como a grande alavanca para o nosso crescimento Económico, recomendação aliás que não é nova e nem original. Para fazê-lo, esclarece, é fundamental ganharmos competitividade através do aumento da produtividade e daquilo que ele chama de “atractividade” do investimento externo. Em síntese, a nossa força de trabalho têm que ser melhor e mais barata… Até aqui estamos de acordo, porém como fazê-lo, sobretudo sem exigir mais sacrifícios a quem já tudo deu?
A Globalização retirou aos Estados Nacionais, como o nosso, os instrumentos de comando da Economia, nomeadamente o controle aduaneiro, do movimento de capitais e da moeda, do câmbio, e do orçamento. Obviamente, neste mercado global, ganhou e ganha quem tem mais potencial económico. A liberalização dos mercados veio sobretudo em benefício dos países que já eram Potências Económicas, como os USA, a Alemanha, o Japão, o Reino Unido e a França, e que puderam por isso mesmo expandir a sua Economia para além fronteiras, com muito maior eficácia económica do que antes. Daí que se fizesse todo um esforço ideológico para convencer o mundo das vantagens para todos de um “comércio livre”, sem tutelas do Estado e sem barreiras alfandegárias, de que o “Consenso de Washington” foi receita incontestada, nunca revelando os inconvenientes para as pequenas economias. Os globalizadores omitiram deliberadamente os resultados funestos para países como Portugal. É claro que contaram com muitos discípulos dentro de portas… e que agora calam-se como ratos.
Esta nova Ordem Económica foi entretanto “subvertida” pela emergência do extraordinário crescimento económico da China e de outros países asiáticos. As pequenas economias, como a portuguesa, ficaram no meio do turbilhão… De certo modo foram e são “moeda de troca” de conchavos acordados nos salões da OMC entre o Ocidente, centro do Capital Internacional, e a República Popular da China, a mais florescente Economia Asiática e do Mundo, de mão-de-obra barata de qualidade mediana. Na oportunidade, os líderes do Ocidente só pensaram nas vantagens da deslocalização da sua indústria para o Império do Meio e do seu vasto mercado de consumo disponível, ávido pelo nível de vida americano e ou europeu. Até se “esqueceram”, como bons mercadores que são, da ideologia que enforma o sistema político Chinês, o Comunismo, que durante a “Guerra Fria” tanto abominaram. Como cínicos são os homens que têm a pretensão de governar os povos…
Na sequência dos acordos comerciais com a China, celebrados no início do presente século e no âmbito da OMC, Portugal assinou uma convenção com o Governo Chinês que, para além de outras considerações, é uma afronta à nossa soberania. Já não nos bastava a humilhante Aliança Luso-Britânica, que historicamente nos tem trazido mais prejuízos do que vantagens, para termos agora milhares de lojas chinesas que beneficiam de um estatuto de excepção altamente prejudicial à nossa Economia, em concorrência desleal com os comerciantes nacionais. Este comércio, feito sobretudo de quinquilharia, de roupas e de calçado, prejudica também a nossa indústria que tem factores de produção incompatíveis com os preços da “uva mijona” dos produtos de contrafacção da indústria do Império do Meio, que já se serve da mão-de-obra ainda mais barata da Coreia do Norte e do Vietname. A Discriminação Positiva (Negativa) de que gozam tais lojas, na prática extensões do território chinês, inibe até o Estado Português de exercer a sua autoridade reguladora e fiscalizadora, como lhe compete.
A convenção prevê a reciprocidade, porém quem se aventura no mercado chinês é habitualmente enredado no “rigor” dos burocratas do Partido Comunista Chinês, leia-se corrupção, e por normas que apenas visam proteger a Economia Chinesa, protecção que vai além fronteiras, como se percebe.
Nestas circunstâncias, como competir? Nem que pagássemos para trabalhar, alcançaríamos os custos da mão-de-obra da “escravidão asiática”… A Economia Portuguesa corre o risco de desaparecer e desaparecendo, não haverá Democracia que reste...

Artur Rosa Teixeira

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